sexta-feira, 8 de março de 2013

Lendas Urbanas - O Gato Preto

Lendas Urbanas - O Gato Preto

A história de vida do gato preto é impressionante. Sacrificado por uns, adorado por outros, o gato preto sobreviveu a tudo simplesmente para reclamar o lugar que mais gosta de ocupar: um lugar quente, junto à janela.

As superstições sobre os gatos começaram a muito tempo. Os primeiros povos a atribuir uma aura mística ao gato foram os egípcios que o idolatravam, tendo mesmo um deus com a sua forma física, Bast. Em honra desta divindade, os egípcios mantinham gatos pretos nas suas casas e davam-lhes honras reservadas a faraós, mumificando-os depois de mortos.

Mas foi na Idade Média que o gato viu a sua sorte mudar. Apesar de concederem um importante serviço ao homem, caçando os ratos que eram considerados uma praga por todo o lado, a verdade é que havia grupos de gatos que faziam das cidades o seu território. A superpopulação foi o primeiro motivo pelo qual o gato deixou de cair em graça para passar a cair em desgraça.

A Idade Média ficou marcada pela bruxaria, superstição e febre religiosa. O gato, como animal independente e solitário, captou a atenção tanto de cristãos como pagãos.

No paganismo, o gato representa proteção e sabedoria, mas na magia negra, o gato preto macho personifica o diabo. No tarot, no baralho de Rider Waite, a Rainha de Paus é representada com um gato preto a seus pés, significando energia instintiva, mas domesticada.

O gato é um animal que caça durante a noite e era acolhido na Idade Média por pessoas solitárias. Os gatos eram os animais de estimação de pedintes e pobres, o que não favorecia a imagem do gato. Os olhos penetrantes que iluminam as noites contribuíram provavelmente para a catalogação do gato como espírito diabólico. A cor preta era a cor do mal e das trevas, o que tornou os gatos desta pelagem os mais perseguidos pelos inquisidores e cristãos. A sua associação a práticas pagãs provocou um maior distanciamento entre os cristãos e o gato. O fato de os gatos serem várias vezes sacrificados em rituais pagãos tornou-o num símbolo a combater.

Muitos relatos surgiram onde ligavam os gatos a bruxarias. Diz a lenda que por volta de 1560, em Linconshire, o filho e pai foram assassinados por um gato preto que lhes cruzou o caminho. O animal atacou com vários arranhões e dirigiu-se para a casa de uma mulher que os habitantes da região suspeitavam que fosse bruxa. No dia seguinte, a mulher apareceu com arranhões no braço.

Outra história relatada conta que durante a noite um agricultor cortou a orelha de um gato. O homem acreditava que o gato estava assombrando a sua propriedade. No dia seguinte, o agricultor retornou ao local onde encontrou parte de uma orelha de um humano. Na Alemanha, as histórias sobre a dualidade bruxa/gato preto são comuns. Uma mulher após ter sido acusada de bruxaria e condenada à fogueira, transformou-se em um gato preto enquanto queimava. Foi assim que surgiu o mito de que as bruxas se transformam em gatos pretos durante a noite. E foi também desta forma que se encontraram justificações para perseguir estes animais.

Juntamente com as lendas surgem também outros fatos históricos que serviam de base de sustentação a muitas superstições. O Rei Carlos I da Inglaterra tinha um gato preto como animal de estimação. Ele acreditava que o seu gato lhe trazia sorte. Coincidência ou não, o gato morreu um dia antes de Carlos I ser preso por Oliver Crommwell. O Rei foi acusado de traição e mais tarde decapitado.

Surpreendentemente, o gato preto sobreviveu a décadas, se não séculos de perseguição. A sua pelagem negra, pela qual era perseguido, era também uma vantagem quando caçava à noite, camuflando-se com a escuridão. Naqueles tempos, não faltava alimento para os gatos, uma vez que os ratos abundavam pelos campos e cidades.

Na altura do Renascimento, a Igreja Católica tinha já abrandado a caça aos pagãos. Esta foi uma boa notícia para o gato, pois os cristãos tinham conseguido reduzir a prática do sacrifício de animais, e em particular dos gatos com pelagem preta e alem disso deixaram de ser perseguidos pelos próprios cristãos.

No entanto na Idade Média resistiram às superstições profundamente enraizadas na cultura popular. Apesar de hoje em dia ser mais comum associar os gatos preto a um mau presságio, muitos ainda em todo o mundo mantém as crenças mais antigas.

Superstições Atuais

Hoje em dia, o gato preto continua a ser mais do que um gato de pelagem escura. Ainda há quem veja nele sinal de boa ou má sorte. Num estudo realizado em associações de animais dos Estados Unidos da América, constatou-se que o gato preto era a segunda pelagem menos desejada. A primeira era a castanha. Assim, o gato preto era sempre um dos últimos a ser adotado numa ninhada de gatos de várias cores.

Fortalecendo a ideia de que o gato preto ainda não é visto como um outro gato qualquer, nos Estados Unidos da América, onde há uma forte tradição de festejar o Halloween (Dia das Bruxas), algumas associações de animais têm uma política especial que programam nessa época. Neste feriado manteve-se em alguns locais a tradição de sacrificar animais, entre eles o gato preto. Por esta razão, a adoção destes gatos fica suspensa algumas semanas antes e depois desta festividade.

No Brasil, as superstições sobre gatos pretos não parecem ter tanta força e é bastante comuns encontrar um gato preto como animal de estimação. Não deixa de ser curioso que na Inglaterra, apesar da caça às bruxas e aos gatos vividos na Idade Média, as superstições que resistiram aliam invariavelmente o gato a bons sinais.

No entanto, o gato preto parece ainda estar longe de reconquistar a posição que tinha no Antigo Egipto. Ou talvez não, uma vez que, tal como os outros gatos, parecem ser peritos em ganhar a adoração dos donos.

Um comentário:

  1. As lendas em torno do gato preto realmente são inúmeras, infelizmente tem gente que leva as superstições a sério demais e acabam fazendo mal a esses inocentes animais. Fiz um artigo sobre o gato preto também, se der, dê uma conferida lá e diga o que achou, abraços e continue com o ótimo trabalho no site!

    A Lenda Do Gato Preto

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